Cresci escutando histórias da minha mãe enquanto viajávamos de carro e, para
ser mais específica, histórias sobre sua infância. As lembranças que ela guarda
consigo são sobre família, amores e amizades. Entretanto, um dos contos que
nunca “saíam de moda” durante as nossas viagens, era um com a sua melhor
amiga. As duas nasceram e cresceram juntas, já que também são primas. Os
pais delas pediam para que comprassem o que estava faltando em casa em um
mercadinho um pouco distante de onde moravam. Elas pegavam o dinheiro e
iam às compras. Já que sempre restavam alguns centavos de troco, toda a vez,
dividiam um saquinho de chocolate em forma de bolinhas coloridas, pois
raramente era possível ter em casa. Mas, uma regra era clara: elas contavam
um por um, para que as duas ficassem com o mesmo número de chocolates e,
se eles viessem em número ímpar, as duas separavam ao meio o último que
restava. Memórias de infância. Da minha mãe, da sua melhor amiga e minhas.
Coincidentemente – ou não – as duas meninas que cresceram lado a lado, se
tornaram vizinhas na vida adulta. A sacada do meu quarto tem vista direta para
a sacada da sala da melhor amiga de infância e, com isso, até hoje eu – e a
vizinhança – participamos dos papos demasiadamente altos que as duas tem
semanalmente. Acredito que tenha sido dessa maneira que tive meus primeiros
contatos com a famosa amiga da maioria das histórias. Foi dessa maneira que
ela também se tornou uma pessoa que posso confiar.
Confiança: essa talvez seja uma das maiores qualidades que uma amizade
possa ter e, tenho certeza que a minha mãe deposita muita na sua melhor amiga.
Nunca esqueço da vez que toda a minha família, que tenho o grau de parentesco
mais próximo, foi viajar, enquanto eu, fiquei em casa. A única pessoa que a
minha mãe contatou e disse: “Se algo acontecer, é tu que eu quero que cuide da
minha filha”, foi ela, a mesma pessoa das histórias dos doces e da sacada.
Naquela época fiquei me perguntando o porquê de ela ter confiado sua única
filha para aquela pessoa. Hoje eu entendo. É porque essa pessoa é a Nadia e é
nela que hoje também confio um dos cargos mais importantes do movimento que
toma 100% do meu coração: ser a Conselheira do LEO Clube.
Tem coisas que não são por acaso e nessa história, certamente, nada é. Escutar
contos sobre ela durante toda minha infância. Participar das conversas da
sacada que me fazem doer a barriga de tanto rir até hoje. A confiança que
perdura de geração em geração. A Nadia ter sido a Presidente que fundou o
LEO Clube na minha cidade. O convite feito por ela para eu entrar no movimento.
Ela ter topado, sem mais nem menos, ser mais uma vez Conselheira. Todas as
discussões que, no final, a gente sempre consegue entrar em um acordo – e
convenhamos que esse feito é uma dádiva pra duas Soldatelli’s teimosas.
Porém, após todos estes tópicos, podemos nos perguntar como tudo sempre
ocorre de forma correta e, a resposta é clara: porque a Nadia é família!
Sim, eu tive a sorte dela realmente ser de sangue, no entanto, todos os
Associados do LEO Clube São Marcos a consideram nossa “mãezona” – e de
“brinde” recebemos o melhor “Amigo Leão” que poderíamos ter, nosso “paizão”
Airton. Com eles a chuva vira sol, a casa vira abrigo e tudo se torna possível.
Sou dona da maior felicidade do mundo em poder dividir aqueles que me viram
crescer, que participaram da minha vida desde o nascimento e foram os
protagonistas de algumas histórias da minha infância, com quem tenho o orgulho
de chamar de amigos! Dessa maneira, todos, assim como eu, podem aprender
sobre o mundo, errar sem medo e terem os melhores conselheiros – não apenas
como cargo perante LEO Clube, mas sim, conselheiros de vida. Provavelmente,
essa família que tivemos o privilégio de construir, possa ser o maior exemplo que
devemos seguir em um LEO e um Lions! Com o apoio mútuo, a “estrada” fica
com menos “pedras e obstáculos”, fazendo com que tenhamos a oportunidade
de “respirar um ar fresco e curtir a paisagem”. Que possamos, cada vez mais,
compreender que dessa forma todos colherão frutos, tanto como Clubes, quanto
como pessoas.
Recado exclusivo para vocês, Nadia e Airton: Sabemos que somos os filhos
adotivos. Vocês sabem que vocês são nossos paizões. O cargo de Conselheiros
já se tornou vitalício, mesmo se em algum momento não o assumirem mais. Nós
admiramos e amamos vocês incondicionalmente. Sempre seremos gratos por
tudo. E, o mais importante, tudo isso não precisa ser dito por nenhum dos lados.
A gente se entende. Com vocês, conseguimos sentir o amor só pelo olhar e, é
com vocês, que reforçamos o sentido dele diariamente.
Leoísticamente,
CLEO Laura Soldatelli Miotto.
Associada ao LEO Clube São Marcos.